A comunicação nada mais é do que transmitir uma mensagem. É uma das habilidades sociais mais importantes para os seres vivos, e por meio dela podemos expressar nossos desejos, ideias, informações, entre outras. Apesar disso, a comunicação só é bem-sucedida quando o outro compreende e interpreta a mensagem dita. A fala é o meio comunicativo mais utilizado entre as pessoas, porém não é o único. É possível se comunicar por meio de gestos, escritas, desenhos, expressões faciais, e até mesmo pictogramas. Por exemplo, se eu falo ou escrevo “quero água” para uma pessoa falante da língua inglesa, sem conhecimento sobre a língua portuguesa, a comunicação não foi efetiva pois minha mensagem não foi interpretada e, consequentemente, não recebi aquilo que solicitei. Se eu aponto para a imagem da água dentro de um restaurante e o vendedor me entrega a água, a comunicação foi efetiva.
Pensando em pessoas com algum distúrbio do desenvolvimento, é sabido que uma das características mais comuns é a ausência de fala e/ou dificuldades em relação a comunicação e linguagem, ou seja, faz uso da fala, mas não é capaz de utiliza-la de modo funcional. Diante disso, é de extrema necessidade sempre pensar em alternativas para o ensino desta habilidade, e uma delas é o uso da Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA).
Glennem (1997) definiu o termo Comunicação Alternativa e Ampliada (C.A.A.) como outra forma de comunicação além do modo verbal e tem por objetivo compensar os déficits de comunicação tanto permanentes como temporários. A CSA é considerada alternativa ou ampliada/suplementar, sendo alterativa diante do indivíduo que não apresenta outra forma de comunicação e suplementar quando apresenta outra forma de comunicação, mas não suficiente para que esta seja efetiva, além de ser diferenciada como assistida e não assistida, com recursos de baixa (pasta com imagens) ou alta tecnologia (dispositivo móvel).
Pessoas com necessidade do uso de CSA apresentam dificuldades e competências variados, sendo imprescindível a avaliação individual para determinar qual o sistema mais adequado. É importante avaliar questões como habilidades motoras, visuais, compreensão verbal, se há intensão comunicativa, qual nível de habilidade comunicativa, entre outros pontos importantes e essenciais para a escolha do sistema de comunicação alternativa. Dentre algumas possibilidades estão o PECS e o PCS.
O PECS (Picture Exchange Communication System), no Português traduzido como Sistema de Comunicação Alternativa por troca de figuras, tem por objetivo ensinar a comunicação funcional por meio de trocas de figuras e foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1895, sendo implementado inicialmente em crianças com diagnóstico de Autismo. O protocolo de ensino é baseado no livro comportamento verbal do Skinner, e os autores utilizaram estratégias de estímulo e reforço provindas da Análise do Comportamento Aplicada. O protocolo inclui procedimentos sistemáticos, divididos em 6 fases para promover o aprendizado.
O PCS – (Picture Communication Symbols), traduzido para o português como Símbolos de comunicação Pictórica, foi criado em 1980 por uma fonoaudióloga nos Estados Unidos. O sistema possui mais de 11.500 símbolos que foram produzidos para criar recursos de comunicação consistentes, rápidos e econômicos. Suas características são desenhos simples, claros e adequados para todas as idades, e podem ser combinados com outras imagens para criação de recursos individualizados. Os símbolos estão disponíveis por meio de softwares que produzem pranchas personalizadas de comunicação alternativa.
A comunicação alternativa deve ser utilizar em todos os ambientes em que o indivíduo frequenta, como casa, escola, parques, restaurantes, viagens, e todas as pessoas do seu vínculo social devem aprender a utiliza-los para auxiliar a prática, além disso o uso de CSA não impede o desenvolvimento da linguagem verbal, ela auxilia e promove a comunicação funcional, muitas vezes sendo um facilitador para que as habilidades verbais sejam desenvolvidas.
Fontes:
GLENNEN, S. L. (1997) Introduction to augmentative and alternative communication. Em S.L. Glennen & D. DeCoste (Eds). The handbook of augmentative and alternative communication, (pp. 3-20). San Diego, Singular